Uma Triste Realidade para a Vaquita

21 de Julho de 2021

Translation by: Delart Studios-Rio de Janeiro

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Um par de vaquitas

Caros Amigos e Colegas,

Escrevo para expressar minha discordância com a decisão tomada no México que vai, mais uma vez, permitir a pesca no habitat natural das vaquitas – uma espécie de toninha em grave risco de extinção que precisa de proteção contra as redes de pesca. A população de vaquitas atualmente já é pequena, e a decisão é uma sentença de morte para as que restaram.



No dia 22 de abril de 1992, há 29 anos, eu e meu pai, Jacques Cousteau, fomos ao México nos encontrar com o governante da época, Presidente Carlos Salinas de Gortari, para assinar um plano de ação proposto em um acordo aceito pelo governo mexicano: O Plano de Resgate e Manejo Sustentável do Mar de Cortez. Fomos acompanhados por dois membros da nossa organização, o Dr. Richard Murphy, Ruben Arvizu, e muitos membros da nossa equipe de gravação. O plano foi baseado em muitos dos estudos que realizamos ao longo dos anos no Golfo da Califórnia, ou Mar de Cortez. Meu pai chamava o lindo corpo de água de "o aquário do mundo." Além disso, especialistas mexicanos com vasto conhecimento sobre as águas férteis também adicionaram seus estudos científicos. A principal ideia era impedir a extinção de um mamífero marinho extraordinário: a vaquita, uma toninha graciosa única no mundo cujo habitat é limitado exclusivamente às águas do Mar de Cortez. As mídias mexicanas e internacionais espalharam os benefícios do plano, que também visava melhorar as vidas dos pescadores e moradores das cidades litorâneas, ensinando métodos de pesca mais eficientes e eliminando o uso de certas redes letais para as vaquitas. O plano também pretendia desenvolver o ecoturismo, algo totalmente novo na época. Hoje, 29 anos depois, supostamente houve tentativas de salvar as vaquitas nas últimas cinco administrações do governo mexicano; mas a triste realidade é que foram projetos apenas para melhorar relações públicas e fazer autopromoção, tirar vantagem das boas intenções de organizações e celebridades internacionais. A pesca ilegal de outra espécie em risco de extinção, o totoaba, peixe muito procurado na Ásia, com valores que chegam a dezenas de milhares de dólares por unidade, continua incessante. O envolvimento de cartéis de drogas no tráfico de totoabas para a China infelizmente aumentou nos últimos anos devido à corrupção em órgãos de autoridade. Quando os totoabas são pescados, as vaquitas acabam presas nas redes e morrem asfixiadas. Sabemos que muitos cientistas dedicam todos os seus esforços para resolver o problema da extinção da vaquita, mas é um problema muito complexo: social, político e até mesmo de segurança nacional.

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Uma vaquita nada na frente da imagem com barcos de pesca ao fundo.

Sabemos que no dia 24 de setembro de 2020 um acordo foi estabelecido pelo governo mexicano no qual equipamentos, sistemas, métodos, técnicas e horários para as atividades de pesca no norte do Golfo da Califórnia foram regulados. Consideramos isso um progresso importante para a solução dos problemas da pesca na região e erradicar a captura ilegal e tráfico dos totoabas. Para isto, foram necessárias implementações de medidas adicionais para resolver de maneira eficaz os inúmeros desafios econômicos, biológicos, sociais e culturais que caracterizam a pesca no Golfo da Califórnia. Mas hoje, menos de um ano depois de implementar medidas que poderiam conter a extinção da vaquita, o governo mexicano regride dando um fim à zona de pesca proibida, permitindo que até 65 barcos de basco tenham acesso ao local. É uma contradição grave que atraiu represália internacional e pode provocar sérios danos econômicos ao México. A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES) pode vetar o México do comércio internacional de espécies.



As vaquitas precisam de proteção contra a pesca – não de uma decisão que autoriza a pesca em seu habitat. Imploro à Secretaria de Pesca (SEPESCA) e às organizações de manejo de vida silvestre do México que reconsiderem a decisão.
Grato,

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Jean-Michel Cousteau
Presidente, Ocean Futures Society

“Proteja O Oceano E Proteja A Si Mesmo”

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